domingo, 31 de maio de 2009

NOSSA POBREZA SEXUAL

Uma sociedade baseada na concentração de poder e no intercâmbio econômico empobrece cada área da vida, inclusive as mais pessoais. Existe mais ou menos acordo quando se fala da liberação da mulher, da liberação dos homossexuais e inclusive a liberação sexual dentro do âmbito anarquista. Além disso, é fácil encontrar análises sobre a dominação masculina, sobre o patriarcado e o heterossexismo, mas a realidade do empobrecimento sexual parece que foi amplamente ignorada, a respeito da expressão sexual, limitaram às percepções como monogamia, poligamia, poliamor e outros mecanismos similares das relações amorosas. Segundo creio, esta limitação é em si mesma um reflexo de nosso empobrecimento sexual; limita-nos a falar dos mecanismos das relações de maneira que possamos evitar os questionamentos sobre a qualidade dessas mesmas relações.

Existem vários fatores que influem no empobrecimento sexual que experimentamos nesta sociedade. Se examinarmos suas origens, as instituições do matrimônio, a família e a imposição de algumas estruturas sociais patriarcais são importantes, e o papel que jogou não pode ser ignorado. Mas durante as últimas décadas, pelo menos aqui no chamado Ocidente, a força destas instituições diminuiu consideravelmente. No entanto o empobrecimento sexual não o fez. Talvez tudo ao contrário. Voltou-se mais intenso e o sentimos de uma forma mais desesperada.

O mesmo processo que permitiu a debilidade e a desintegração gradual da família é que agora sustenta o empobrecimento sexual: o processo de "coisificação". A "coisificação" da sexualidade é evidentemente tão antiga como a prostituição (e quase tão velha como a civilização), mas nas últimas cinco décadas, a publicidade e os meios de comunicação coisificaram a concepção de sexualidade. A publicidade nos oferece um atrativo sexual que influencia nas massas, vinculando a paixão espontânea com desodorantes, sabonetes, perfumes e carros. Através dos filmes e da TV nos mostram imagens sobre a facilidade com a qual alguém pode conseguir gente bonita em sua cama. Evidentemente, é necessário que seja belíssimo e atrativo, e para consegui-lo nos servem desodorantes, perfumes, academia, dietas e produtos para o cabelo. Estamos adestrados para desejar imagens de "beleza" de plástico que são inalcançáveis porque em grande parte são fictícias. Está criação de desejos artificiais e inalcançáveis serve perfeitamente às necessidades do Capital, já que garantem uma continua sensação de insatisfação que pode ser utilizada para manter as pessoas comprando, numa tentativa desesperada de aliviar seus anseios.

A coisificação da sexualidade conduziu um tipo de "liberação" dentro do esquema das relações de mercado. Não somente porque é muito freqüente ver relações sexuais entre pessoas solteiras no cinema, mais porque cada vez mais as relações de homossexualidade, bissexualidade e inclusive algumas outras raras estão ganhando certo nível de aceitação entre a população. Evidentemente, de maneira que sejam úteis as necessidades de mercado. De fato, estas práticas são transformadas em identidades nas quais alguns se ajustam de forma mais ou menos estrita. Desta maneira, se converte em muito mais que uma simples prática de um determinado ato sexual. Assim "estilos de vida" completos estão associados a eles, implicando conformismo, lugares específicos para ir, produtos específicos para se comprar. Neste sentido, os gays, as lésbicas, os bissexuais, o couro e as subculturas desenvolvem suas funções como objetivos de mercado à margem da família tradicional e do contexto geral.

De fato, a coisificação da sexualidade permite que todas as formas de práticas sexuais sejam produtos de venda. No mercado sexual, todo o mundo vende a si mesmo ao mais alto posto enquanto tenta comprar aqueles que lhe atraem ao menor preço. Assim, se cria o absurdo jogo de jogar duro para conseguir ou tentar pressionar a outros para manter relações sexuais. E assim se dá a possessividade, que tão frequentemente é desenvolvida nas atuais relações de "amor". Depois de tudo, no regime do mercado, não é possuidor aquele que comprou?
Neste contexto, o ato sexual tende a tomar-se na mesma medida; uma forma quantificável em consonância com esta coisificação. Dentro de uma sociedade capitalista não deveria surpreender que a "liberação" da franqueza sexual signifique predominantemente uma discursão sobre o mecanismo do sexo. O jogo do ato sexual se reduz não somente ao prazer físico, mas mais especificamente ao orgasmo, e o discurso sexual se centra sobre os mecanismos mais efetivos para ganhar este orgasmo. Não quero ser mal interpretada. Um orgasmo eufórico é algo maravilhoso. Mas centrar o encontro sexual em conseguir um orgasmo, não nos permite sentir o jogo de nos perder no outro, aqui e agora. Mas que ser uma imersão de um no outro, o sexo centrado em alcançar o orgasmo se converte em uma tarefa que aspira a um objetivo futuro, a manipulação de certos organismos para ganhar um fim. Tal e como eu o vejo, isto transforma o sexo em uma atividade basicamente masturbatória - duas pessoas usando uma a outra para conseguir seu fim desejado, trocando (desde de o ponto de vista estritamente econômico) prazer sem dar nada de si mesmo. Nestas ações deliberadas, não existe lugar para a espontaneidade, a paixão sem medida, a entrega nas mãos de outro.

Este é o contexto social da sexualidade em nossas vidas atuais. Dentro deste contexto existem muitos outros fatores que reforçam o empobrecimento da sexualidade. O capitalismo necessita de movimentos de liberação parcial de todos os tipos, tanto pra a recuperação da revolta como para introduzir a embrutecida lei do mercado em cada vez mais aspectos de nossa vida. Por isso o capitalismo necessita do feminismo, dos movimentos de liberação racial e nacional, da liberação dos gays e também evidentemente da liberação sexual.

Mas o capitalismo não faz uso de forma imediata de todos os velhos métodos de dominação e exploração, e não faz porque são sistemas lentos e complicados. As lutas de liberação parcial mantêm sua função recuperadora precisamente para continuar exercendo a velha opressão como contrapartida para prevenir, que aqueles envolvidos em lutas de liberação, possam perceber a escassez de sua "liberação" dentro da ordem social atual. De tal maneira se o puritanismo e a opressão sexual tivessem sido realmente erradicados dentro do capitalismo, a escassez dos sex-shops mais feministas, conscientes e amigos dos gays seria óbvia.

E assim o puritanismo continua existindo e não só como um vestígio de tempos anteriores, caídos da moda. Isto se manifesta claramente em métodos óbvios, tais como a opressão ainda vigente do matrimônio, (ou pelo menos criar uma identidade como casal) e ter uma família. Mas também se faz manifesto de forma que a maioria das pessoas não percebe, porque nunca consideraram outras possibilidades. A adolescência é a época em que os impulsos sexuais são mais fortes devido às mudanças que se produzem no corpo. Em uma sociedade sã, os adolescentes deveriam ter a oportunidade de explorar seus desejos sem medo ou censura, deveriam fazê-lo de uma forma aberta e aconselhada, se quiserem, pelos adultos. Enquanto que os desejos intensos dos adolescentes são claramente reconhecidos (quantas vezes filmes de humor ou programas de TV se baseiam na intensidade destes desejos e na impossibilidade de explorar-los de uma forma livre e aberta) nesta sociedade, não se criam métodos para que esses desejos possam explorar-se livremente, esta sociedade os censura, fazendo uma chamada à abstinência, deixando os adolescentes ignorando seus desejos, limitando-os a masturbação ou aceitando frequentemente ter sexo rápido em situações de muita pressão e ambientes nada confortáveis para evitar assim que lhes peguem. É difícil não estranhar que algum tipo de sexualidade sã houve se desenvolvido sob estas condições.

Porque o único tipo de "liberação" sexual de utilidade para o Capital é aquela que permite preservar a pobreza sexual, e utilizará todo tipo de ferramentas para a manutenção da repressão sexual sob o engano de uma liberação fictícia. Desde que as velhas justificações religiosas para a repressão sexual deixaram de ser válidas para amplas porções da população, um medo físico pelo sexo atua agora como catalisador na criação de um novo meio para a repressão. Este medo é promovido principalmente por duas frentes. Em primeiro lugar é o meio do "depredador sexual". Ataque sexual a jovens, olhar violador e a violação são fatos muito reais. Mas os meios de comunicação exageram a realidade com explicações sensacionalistas e especulações. O manejo destes assuntos por parte das autoridades e os meios de comunicação não têm como objetivo encarregar-se destes problemas, mas seguir promovendo o medo. Na realidade, os casos de violência sexual contra mulheres e crianças (e me refiro especificamente àqueles atos de violência baseados no fato de que as vítimas sejam crianças ou mulheres) são a maioria das vezes, mais freqüentes que os atos de violência sexual. Mas o sexo tem um forte valor social que concede aos atos de violência sexual uma imagem muito sinistra. E o medo promovido pelos meios de comunicação em relação aos ditos atos reforça uma atitude social generalizada, de que o sexo é perigoso e deve ser reprimido ou pelo menos publicamente controlado.

Em segundo lugar, esta o medo às doenças sexualmente transmissíveis e em particular a AIDS. De fato, a princípios dos anos 80 o medo das doenças sexualmente transmissíveis deixou de ser em grande medida um método útil para manter as pessoas afastadas do sexo. A maioria destas doenças podia ser tratada com relativa facilidade, e as pessoas mais inteligentes se deram conta da inutilidade de utilizar preservativos na prevenção da propagação de doenças como gonorréia, sífilis e muitas outras doenças. Nesse momento se descobriu a AIDS. Havia muito que dizer sobre a AIDS, muitas perguntas teriam que ser respondidas, uma grande quantidade de negócios suspeitos (no sentido literal do termo) referentes a este fenômeno, mas a respeito do tema que estamos tratando, de novo o medo ao contágio de doenças sexualmente transmissíveis se dedica para promover a abstinência sexual, ou pelo menos que a sexualidade seja menos espontânea, menos desordenada, e gera assim encontros sexuais mais estéreis.
Em meio a tal ambiente de deformação sexual, outros fatos desenvolvem o que parece ser inevitável. Uma tendência a agarrar-nos desesperadamente àqueles com quem temos conectado, ainda que seja uma conexão empobrecida. O medo de estar sozinha, sem amor, nos conduz a nos unir com amantes quando há muito já deixamos de amá-los. Inclusive quando o sexo continua existindo na relação, provavelmente seja mecânico e ritual, e não um momento absoluto de entrega ao outro.

E claro, são aqueles que simplesmente sentem que não podem controlar completamente esta tristeza, este meio desamparado de relações artificiais e conduzido pelo medo, e por isso nunca o tentarão. Não é uma falta de desejo que impõe sua "abstinência", senão o desânimo para se vender assim mesma e uma desesperança ante a possibilidade de encontros sexuais reais. Frequentemente estes indivíduos que, no passado, se situaram na linha de busca de encontros eróticos apaixonados, intensos e foram recusados como artigos de inferior quantia. Foram apostados, os outros compraram e venderam. E perderam a esperança de manter a aposta.
Em qualquer caso, vivemos em uma sociedade que empobrece todo tipo de contato, os sexuais também. A liberação sexual - no sentido real, que é nossa liberação para explorar a plenitude, do abandono erótico carnal no outro - nunca o poderá realizar-se por completo dentro desta sociedade, porque esta sociedade necessita do empobrecimento, dos encontros sexuais coisificados, tanto como necessita que todas as interações sejam coisificadas, medidas, calculadas. Assim que os encontros sexuais livres, como cada encontro livre, só pode existir contra esta sociedade. Mas isto não é um motivo de desesperação (a desesperação depois de tudo, não é mais que o outro lado da esperança), mas sim deve conduzir-nos a uma exploração subversiva. O reino do amor é muito amplo, e existem infinitos caminhos a explorar. A tendência entre os anarquistas (pelo menos nos EUA) de reduzir as questões de liberação sexual ao mecanismo de ditas relações (monogamia, não-monogamia, poliamor, "promiscuidade", etc) deve ir mais além. Na expressão sexual livre têm cabimento tudo isto e muito mais. De fato, a riqueza sexual não tem nada haver com ambos os mecanismos (tanto as relações como os orgasmos) ou com a quantidade (o capitalismo tem provado há muito tempo que seus choros cada vez mais efetivos ainda cheiram a lixo). E sim consiste no reconhecimento de que a satisfação sexual não é exclusivamente uma questão de prazer como tal, senão concretamente de prazer que brota do encontro real e o reconhecimento, a união dos desejos e dos corpos, e a harmonia, o prazer e o êxtase que se obtém dele.

Assim, fica claro que necessitamos perseguir uns encontros sexuais como os que procuramos pra o resto de nossas relações, em total oposição a esta sociedade, não pode ser um dever revolucionário, senão porque é a única maneira possível de ter relações sexuais plenas, ricas e desinibidas na qual o amor deixe de ser uma desesperada dependência mútua e em seu lugar se transforma na exploração extensiva do desconhecido.

Willful Disobedience - Volume 4 (n° 3-4, Fall-Winter 2000)
Tradução: Celula Zero.

domingo, 10 de maio de 2009

OS YIPPIES E A POLITIZAÇÃO DO PSICODELISMO

Depois do post sobre o filme/documentário "CHICAGO 10" recebemos alguns e-mails de pessoas querendo saber mais sobre o movimento dos Yippies e a atmosfera represiva da Chicago de 1968. Arranjei uma matéria que poderá ser bastante explicativa sem ser maçante sobre como surgiram os Yippies e de como foi o clima do "Chicago Trial", a maior prova de domínio militar norte-americano sobre a opinião pública civil...
Do ponto de vista da história e da organização do movimento hippie, 1967 é um ano especialmente marcante. Foi em outubro, por exemplo, que ocorreu aquela enorme e colorida manifestação pacifista na qual se tentou, nada mais nada menos, que fazer levitar o Pentágono, no melhor estilo do ativismo da época. Mesmo sem entrar no mérito objetivo das técnicas empregadas, é fácil perceber que se trata, no mínimo, de uma nova e curiosa forma de enfrentar o poder. Ainda durante este ano, dois fatos importantes: em São Francisco, verdadeiro berço do "hippismo", realiza-se o enterro simbólico do movimento hippie. Um caixão é cremado, enquanto os manifestantes, em uníssono, bradam: “Os hippes morreram! Vivam os homens livres!” Praticamente ao mesmo tempo, Abbie Hoffman e Jerry Rubin fundam o YIP (Youth International Party, o Partido Internacional da Juventude), tentativa de abrir um espaço mais institucionalizado que fosse capaz de canalizar a energia revolucionária de toda aquela juventude rebelde. Entrava assim em cena a figura do yippie, o hippie politizado, expressando talvez o início de uma convergência entre os projetos de revolução cultural e revolução política. Jerry Rubin, ex-líder estudantil em Berkeley, afirmava: “Os yippies são revolucionários. Misturamos a política da Nova Esquerda com um estilo de vida psicodélico. Nossa maneira de viver, nossa própria existência é a Revolução”. Aliás, este esforço de tentar a fusão de um ativismo mais diretamente político com o psicodelismo daquele momento era vivível por toda parte.

Em seu livro Rock, o Grito e o Mito, Roberto Muggiati afirma o seguinte sobre o importante congresso de antipsiquiatria realizado em Londres, no ano de 1967: “No verão de 1967, 0 rock é um dos assuntos estudados em Londres no congresso Dialética da Libertação, organizado pelo psicanalista existencial R. O. Laing e seus colegas da ‘antipsiquiatria’, num esforço para conciliar libertação social e libertação psíquica. São grupos da Nova Esquerda, psicanalistas e sociólogos que debatem, procurando dar forma a uma esquerda visionária e fundir a política radical com a política do êxtase”. Outro acontecimento que dá mostras desta “politização radical do psicodelismo”, na segunda metade da década de 60, são os distúrbios que envolveram a Convenção do Partido Democrático realizada em Chicago, em agosto de 1968. O episódio se converteu numa das maiores demonstrações do potencial de violência e repressão que o Sistema era capaz de mobilizar contra o protesto organizado de negros, estudantes e hippies (ou yippies). O que se viu foram três dias de intensas manifestações e violentos choques com uma polícia disposta a fazer um uso essencialmente político de sua força, revelando a existência de um verdadeiro plano com o objetivo de assustar e intimidar os manifestantes e tendo como resultado um enorme saldo de mortos e feridos.
De uma certa forma, estes episódios demonstravam os limites do liberalismo americano na sua possibilidade de tolerar e absorver a contestação que os grupos ali presentes representavam e engendravam. O resultado final foi o famoso Chicago Trial (Processo de Chicago) envolvendo diversos líderes dos movimentos ali presentes, como Bobby Seale, do Black Panther Party, Jerry Rubin e Abbie Hoffman (do YIP) ou Tom Hayden, um dos fundadores da SDS (Students for a Democratic Society), e um importante líder da Nova Esquerda, todos indiciados sob a acusação de “conspiração”, embora a falta de provas fosse evidente. Na verdade, o que estava sendo julgado neste momento era a própria identidade de uma geração, com sua consciência crítica e seus ideais de transformação social.

Mas não foi apenas nos Estados Unidos que o ano de 1968 significou um momento de confrontação radical com o Sistema. Também na Europa, este foi um ano decisivo para o movimento estudantil — uma das grandes manifestações do ativismo da juventude rebelde dos anos 60. Quem não se lembra do Maio de 68 francês, com suas barricadas e seus slogans de um radicalismo que em nada se parecia com o das manifestações políticas tradicionais? “Sejam realistas: peçam o impossível”, “O sonho é realidade”, “Temos uma esquerda pré-histórica”, “O álcool mata, tomem LSD”, “Sou marxista, tendência Groucho”, “É proibido proibir” e tantos outros. Do mesmo modo, as universidades alemãs demonstraram durante toda a década, uma incrível efervescência. Nomes como Daniel Cohn-Bendit, na França, ou Rudi Dutschke, na Alemanha, se tornavam internacionalmente conhecidos.

Enquanto isso, nos Estados Unidos, especialmente Berkeley, Califórnia, e Colúmbia, Nova York, já haviam se convertido em pólos internacionais da luta dos estudantes. A primeira grande revolta estudantil ocorrida em Berkeley, em 1964, teve como um de seus resultados a criação do Free Speech Movement. No ano de 1966, novos e violentos distúrbios viriam a ocorrer na Califórnia — o nome de Mário Sávio se tornava definitivamente conhecido. Em 1968, seria a vez da grande revolta ria universidade de Colúmbia, com forte presença do movimento negro.
Tanto nos Estados Unidos quanto na Europa Ocidental, o que chamava a atenção nesta onda de revolta estudantil que marcou a década de 60 era a sua originalidade em termos da abertura de novos espaços de luta política e da elaboração de uma nova linguagem crítica. Fiel à ideologia da rebelião da juventude internacional, o ponto focal da crítica e do protesto destas fileiras do movimento estudantil era a própria universidade enquanto instituição. Suas bandeiras de luta, longe de estarem referidas apenas às questões mais gerais do conjunto da sociedade, falavam da sala de aula e das relações mais diretas vividas no espaço específico das instituições de ensino. Quando se questionava a repressão, por exemplo, a ênfase era posta naquela exercida no interior da escola e que se manifestava tanto no dia-a-dia das relações entre as pessoas ali envolvidas, no desempenho de seus papéis, quanto no discurso que sé produzia e reproduzia dentro daquelas instituições. E no bojo deste processo que vão surgir as universidades livres ou as antiuniversidades, com seus currículos radicalmente transformados e sua organização montada em bases muito diferentes das do ensino tradicional, dentro do espírito mais geral da criação de anti ou contra- instituições, que tanto marcava aqueles anos de intenso vigor da contracultura.

Este novo caminho trilhado pelo movimento estudantil internacional era, em boa medida, o resultado do encontro de todas aquelas forças emergentes que a rebelião da juventude havia posto em cena. De um lado, hippies, yippies, negros e uma infinidade de minorias etnoculturais que se organizavam e, de outro, um novo pensamento de esquerda que tentava se ajustar às transformações e à complexidade das sociedades industriais. Era a Nova Esquerda, que vinha se organizando desde o começo dos anos 60. Um de seus frutos no interior do movimento estudantil foi a SDS (Students for a Democratic Society), a maior organização estudantil dos Estados Unidos, com forte presença em vários países europeus, fundada por volta de 1962. Por sua vez, este discurso crítico que o movimento estudantil internacional elaborou ao longo dos anos 60 visava não apenas as contradições da sociedade capitalista, mas também aquelas de uma sociedade industrial, tecnocrática, nas suas manifestações mais simples e corriqueiras. Nas palavras de um manifesto afixado à entrada principal da Sorbonne durante o Maio de 68: “a revolução que está começando questionará não só a sociedade capitalista como também a sociedade industrial. A sociedade de consumo tem de morrer de morte violenta. A sociedade da alienação tem de desaparecer da história. Estamos inventando um mundo novo e original. A imaginação está tomando o poder”.

Em 1971, foi organizado um enorme congresso em Berkeley, Califórnia, do qual participaram, ao lado de sociólogos e outros cientistas, os principais líderes das comunidades hippies, jovens radicais de organizações estudantis, representantes de minorias como o Gay Power, Women’s Lib, Black Panther e assim por diante. O que se procurava realizar era uma espécie de balanço de toda aquela intrincada movimentação dos anos 60, bem como a avaliação das possíveis saídas a curto e médio prazo, O resultado foi a publicação de uma “declaração de princípios” na qual, em determinado trecho, se afirmava o seguinte: “A nova sociedade, a Sociedade Alternativa, deve emergir do velho Sistema, como um cogumelo novo brota de um tronco apodrecido. Acabou-se a era do protesto subterrâneo e das demonstrações existenciais. Acabou-se o mito de que os artistas têm que estar à margem de sua época. Devemos de agora em diante investir toda a nossa energia na construção de novas condições. O que for possível utilizar da velha sociedade, nós utilizaremos sem escrúpulos: meios de comunicação, dinheiro, estratégia, know-how e as poucas e boas idéias liberais”.
Por Carlos Alberto M. Pereira.
FONTE: Guerra de Estilos

sábado, 9 de maio de 2009

INTEGRALISMO, UMA AMEAÇA À NOSSA LIBERDADE

Temos recebido, nos últimos tempos, uma série de notícias e denúncias de atos de intolerância e preconceito vindos de indivíduos que se autodenominam Carecas, White Powers, RAC'S, etc., e defendem posições discriminatórias de extrema-direita que se aproximam muito de ideologias fascistas, nazistas e integralistas. Por detrás de toda a violência cada vez mais explícita por parte destes grupos intolerantes, estão outras organizações, que dão apoio financeiro e teórico para que os mesmos continuem atuantes. Grupos estes que envolvem autoridades governamentais, judiciais, militares, religiosas, entre outras pessoas de influência. Negam seu envolvimento com o nazismo, porém as ligações são muito claras.

No Brasil, se assumem como INTEGRALISTAS.

Mas afinal, o que é isso? O Integralismo é um conjunto de idéias que se desenvolveu no Brasil a partir da década de 30, inspirado por regimes adotados em outros países, como o fascismo italiano e o nazismo alemão, que deixaram milhares de mortes e exterminaram populações inteiras, motivados por uma suposta superioridade destes povos sobre todos os outros. Seguindo estes modelos, criaram símbolos e saudações que os identificassem, se reunindo sob a liderança de Plínio Salgado na AIB (Aliança Integralista Brasileira). Defendem um nacionalismo exagerado, que busca transformar o Brasil na mais poderosa potência mundial em todas as áreas, massacrando todos os outros povos com sua xenofobia. Sua discriminação a todas as diferenças passa também pela questão religiosa: são cristãos e acreditam na existência de um único Deus, excluindo e oprimindo todas as outras crenças populares e religiões milenares. Prova disto é a discriminação gritante contra judeus e outras minorias. Não toleram diferenças culturais, ideológicas, políticas e sexuais.

Por detrás de seus belos discursos de "amor à Pátria" e "defesa da democracia" se encontra um mesquinho sentimento de superioridade sobre os demais países através da demarcação de fronteiras que respondem a interesses políticos, econômicos e militares da burguesia e que nada tem a ver com nossas características culturais e étnicas.

Não podemos permitir que isso continue!


PELO RESPEITO ENTRE TODOS OS POVOS E ÀS DIFERENÇAS, COMBATAMOS A INTOLERÂNCIA!!!

sexta-feira, 8 de maio de 2009

45% DOS BRASILEIROS DIZEM QUE NÃO GOSTAM DE LER.


ENTÃO, SEUS DESOCUPADOS... JÁ TÁ BOM DE DOWNLOADS, NÉ NÃO???
QUE TAL LER UM POUQUINHO PRA VARIAR, HEIM?

BRASILEIRO TEM PREGUIÇA DE LER:

Leitura foi 5ª opção citada (35%) sobre o que fazer no tempo livre; 77% opta pela TV. Sul é região onde mais se lê (média de 5,5 livros por pessoa), à frente do Sudeste (4,9), Centro-Oeste (4,5), Nordeste (4,2) e Norte (3,9)
Lucas Ferraz escreve para a “Folha de SP”:

No país de escritores como João Guimarães Rosa, Machado de Assis e Carlos Drummond de Andrade, 45% dos entrevistados na pesquisa "Retratos da Leitura no Brasil" disseram não gostar de ler. O percentual, aplicado à população brasileira, corresponde a mais de 77 milhões de pessoas.

Segundo o balanço, realizado pelo Ibope (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística), a pedido do Instituto Pró-Livro, e divulgado ontem (28/5), o brasileiro lê, em média, 4,7 livros por ano, e compra ainda menos, média de 1,2 exemplar a cada 12 meses. Quando indagada sobre o que prefere fazer em seu tempo livre, a maioria da população opta pela televisão (77%) -a leitura foi a quinta opção citada pelos entrevistados, com 35%, atrás de hábitos como ouvir música e rádio e descansar.

Em um país que tem 18% de analfabetos, segundo dados de 2006 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), foi considerado como leitor quem leu pelo menos um livro durante os três meses anteriores à pesquisa, feita entre novembro e dezembro de 2007, equivalente a 55% dos entrevistados.

Entre os leitores que dedicam seu tempo livre para ler, 27% deles lêem revistas (leitura semanal) e 20%, jornais (leitura diária). Os livros são preferidos para leituras mensais -como afirmaram 14% dos entrevistados.

Por região:
O Sul é a região onde mais se lê (média de 5,5 livros por pessoa), à frente do Sudeste (4,9 livros), Centro-Oeste (4,5 livros), Nordeste (4,2 livros) e Norte (3,9 livros). Em 2001, na primeira edição da pesquisa, a média de leitura da população era de 1,8 livro por ano, mas as metodologias utilizadas são diferentes.

Enquanto aquela ouviu pessoas com idade superior a 15 anos, a pesquisa divulgada ontem entrevistou crianças a partir dos cinco anos e analfabetos funcionais, em todos os Estados e no Distrito Federal. A margem de erro da pesquisa é de 1,4 ponto percentual.

Na opinião do escritor Luis Fernando Verissimo, o preço do livro é uma barreira contra novos leitores. "A maioria está mais preocupada em sobreviver, não tem como comprar livro", disse o escritor -o último da lista de 25 nomes mais admirados ("estou na zona de rebaixamento", brincou).

Galeno Amorim, coordenador da pesquisa, negou que o preço seja um "complicador" -o estudo contou com o apoio do Snel (Sindicato Nacional dos Editores de Livros) e da CBL (Câmara Brasileira do Livro).
Hábito:
As professoras aposentadas Manoelina de Barros, 75, e Maria Helena Tosoni, 68, gostam de se encontrar em livrarias para comprar livros. Elas afirmam que só têm essa disponibilidade porque são aposentadas, e lamentam que a maioria dos professores leia pouco. Sobre o motivo, Tosoni é categórica: "Se o salário fosse maior, leríamos mais".

A metroviária Telma Piccirillo, 45, diz que nunca obrigou seus filhos Victor, 10, e Taynã, 15, a ler, mas sempre cultivou o hábito: "Quando não sabiam ler, eu lia para eles". Ela acredita que lê mais que seus colegas: "Eles são meio preguiçosos".

FUR FIGHTERS: ANIMAIS CONTRA A INDÚSTRIA DE PELES

"A Burberry pensa que pode fugir da ação dos ativistas com a venda de peles ao largo das costas dos animais que foram torturados em fazendas de peles. Não importa quantas vezes são mostrados os vídeos em que os animais são espancados, eletrocutados e esfolados vivos para que a indústria obtenha sua pele. Eles continuam a recusar a parar o ranking de lucros de uma indústria fundada sobre a tortura. Está na hora de tomar em suas próprias mãos esta batalha!
Escolha o seu animal vingador e faça o seu caminho em Burberry e mostre para a empresa que o único lugar que devemos ver peles é sobre o dorso dos animais a quem pertence."

Fur Fighters é um jogo inteligentíssimo e fácil de se jogar. Me foi enviado pelo grupo PETA2 - People for the Ethical Treatment of Animals (501 Front St., Norfolk, VA 23510) e é compatível em quase todos os PC's. Escolha seu FF e inutilize as peles da fábrica assassina mas cuidado...ou você pode se tornar mais uma peça daquela loja de horrores. Perfeito para quem quer desestressar um pouco e ainda vandalizar (mesmo que virtualmente!) uma loja de peles.

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CHICAGO 10 (Documentário)

Chicago 10 trata dos protestos contra a guerra do Vietnã que explodiram durante a convenção do Partido Democrata em 1968 e o julgamento bombástico (Chicago Trial) que se seguiu dos ativistas conhecidos como "Chicago 7", incluindo Abbie Hoffman e Jerry Rubin, dois grandes ícones do movimento "Yippie".

O diretor de um novo filme sobre os violentos protestos de 1968 contra a guerra do Vietnã, Brett Morgen, diz que não se trata de mais um filme nostálgico sobre os anos 1960, mas de um trabalho que busca refletir sobre a oposição atual às guerras do Afeganistão e Iraque.

Morgen disse à Reuters que teve a idéia de fazer o filme quando os EUA invadiram o Afeganistão, em 2001, e o Iraque, em 2003. "Há uma guerra em curso, existe uma oposição a essa guerra e há um governo tentando silenciar essa oposição", disse Morgen. "Em última análise minha história diz respeito a 2008, não a 1968.
Eu me apropriei de imagens e iconografias de 1968 para contar uma história sobre a guerra atual."

O que fez "Chicago 10" se sair mais que outros documentários da época foi fundir imagens de TV de arquivo com animação, para reencenar o julgamento e os protestos. Para atrair um público mais jovem, a trilha sonora inclui grupos como Rage Against the Machine, Beastie Boys e Eminem. Hoffman foi preso durante a convenção e, ao lado de seis outros, julgado por conspiração. Os dois advogados de defesa, mais o ativista dos Black Panthers, Bobby Seale, que foi amarrado e amordaçado no tribunal e acabou sendo separado do julgamento, compõem os 10 mencionados no título do filme. Algumas das cenas memoráveis do documentário são as aparições do escritor beat, Allen Ginsberg, cantando mantras de "não violência" frente as tropas de choque, os treinamentos pré-choque com a polícia, os acampamentos e, na minha opinião, a melhor cena de todas é quando as tropas de choque tentam tomar a força o parque e escondem as suas "credenciais" para não serem identificados enquanto espancam homens, mulheres e crianças...

O mês de agosto já está quase na porta e "Chicago 10" é uma ótima pedida pra poder enfiar na fuça dos USA as duas maiores derrotas que a "Grande Ave Americana" já sofreu em menos de 100 anos...a Guerra do Vietnam e a Guerra dos Yippies!!!
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ESPAÇO IMPRÓPRIO - 17/05/2009

JUVENTUDE DECADENTE (Documentário)

Este é o primeiro da trilogia "The Decline of Western Civilization" uns chamam de "Juventude Decadente" outros dão o titulo de "O Declínio Da Civilização Ocidental" mas este é um documentário pioneiro sobre o Punk Rock americano. Inclui apresentações do Black Flag, Circle Jerks, The Germs,Catholic Discipline, o surgimento da revista Slash e outras bandas do cenário punk na virada de 1979 /1980. Este documentário nunca foi lançado em DVD (apenas em versão VHS) o que é uma pena, pois a imagem ficaria perfeita, mas graças à pessoas como a galera do blog Arapas Rock Motors vocês poderão assistir esta obra de arte do cenário punk (verdadeiro!!!)...e ainda por cima legendado em português.
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VIOLÊNCIA PASSIONAL, VIOLÊNCIA JUSTIFICÁVEL:

Eu estava conversando com um amigo sobre o tema da violência revolucionária; ele estava defendendo o direito de ferir ou matar em auto-defesa, concedido a todo funcionário governamental ou corporativo envolvido num ato de assassinato, e eu estava tentando explicar porque essa noção me desagradava. Meu amigo tinha uma vantagem - afinal, se é aceitável usar violência como reação a um soldado ou mercenário corporativo invadindo sua casa para despejar, prender ou matar você, por que não usar violência contra o general ou diretor empresarial que os mandou? Eu acredito que a auto-defesa é um direito inato de todos os seres vivos, e também acredito que a conceitualização ou adoção de um pacifismo total só é possível numa sociedade colonizada e estatizada, que já foi ensinada a aceitar a idéia de uma cidadania passiva e a legitimação da violência autoritária. Por outro lado, acho que a violência é errada, que machucar alguém, mesmo o maior filho da puta corporativo, é em algum nível causa para tristeza, mesmo que eles estejam recebendo o que merecem. Para os anarquistas, a violência é, ou deveria ser, problemática num nível tático também. Toda violência tem um elemento autoritário. Isso é quase invisível nas ações de quem está em desvantagem, até o ponto em que os papéis se revertem, e o perdedor se torna vitorioso. Se a violência foi usada para alcançar a vitória, será ela necessária para preservar a vitória?

Parte da razão pela qual não pude articular meu desconforto e refutar o que meu amigo dizia é que eu quase concordava com ele. Afinal, no dia anterior eu ri alto quando li sobre os dois guardas de detenção de Woomera que foram espancados por anarquistas mascarados libertando alguns dos prisioneiros que buscavam asilo no país. Sob um certo aspecto é triste pensar nisso: um pobre e tolo robô que "só fazia seu trabalho", com a mandíbula quebrada, joelho esmagado, nariz ensangüentado, imaginando que diabos havia acontecido - não estaria ele protegendo seu país; fazendo o que lhe foi ensinado que era o certo a fazer? Mas em outro nível, mais óbvio, é incrívelmente satisfatório pensar que não só algumas pessoas que estavam presas agora estão livres, mas também que alguns "porcos" provaram o gosto da violência que exercem todos os dias. O caso dos guardas de detenção parece bem claro. Eles estavam usando violência para aprisionar pessoas, então alguns anarquistas usaram violência - não gratuitamente, só o que foi necessário - para libertar algumas dessas pessoas. Podemos chamar isso de um ato de violência justificável, e mesmo agora já não estamos lidando com auto-defesa direta, mas com violência usada para a defesa do outro. Seria também justificável usar a violência para deter os que fazem política, eleitos e nomeados para o cargo, que mandaram os que pediam asilo para a prisão? E quanto aos diretores das corporações que construíram a prisão, ou fabricaram as armas e outras ferramentas usadas pelos guardas? Certamente parece justificável - não seria justo deixar os brutamontes na linha de frente levarem todo o fogo. Se os políticos e diretores empresariais estão levando a guerra para nossos lares, e aos lares de pessoas no hemisfério Sul, não seria justificado levar a guerra aos seus lares? O problema é que isso seria justificável. Em um sistema global de injustiça e violência onipresentes, você pode continuar mudando os limites do que é justificável até que você chega num ponto quase Leninista de extermínio programado de todos os "contra-revolucionários".

Quando percebi e aceitei isso, eu finalmente tinha uma resposta para meu amigo. A questão não é onde traçamos o limite que define a violência "justificável", mas que estejamos traçando um limite pra começar. Todo o sistema global está nos atacando, matando pessoas, destruindo o planeta, e a idéia de auto-defesa, quando usada em um nível racional, pode ser usada para justificar violência contra quase todos que trabalham dentro do sistema. A principal questão é que a violência chega em seu ponto mais cruel quando é um ato racional - estatismo, a ciência ocidental, pena de morte, e regimes ditatoriais nos demonstraram esse princípio. Quando estabelecemos as conexões de alguém a vários mecanismos corporativos ou governamentais de assassinato e ecocídio, ao tentar decidir se são um alvo justificável para atos de auto-defesa, nós tiramos deles toda sua humanidade, toda sua essência como seres vivos e os transformamos em funcionários do poder. A maior violência acontece em nossas mentes, num nível metafísico, quando tornamos em trivial a dor que podemos causar justificando-a e ignorando-a de antemão.

Se alguém me ataca, pronto para me matar ou aprisionar, eu não preciso relacioná-los com um sistema maior de violência, e não preciso chegar a uma conclusão racional de se me defender usando a força seria justificável. Se a situação fica preta, todas as cartas são postas na mesa e as pretensões democráticas de nosso governo civil são deixadas de lado num momento revolucionário, então todos sabem qual é seu posicionamento, eu não preciso construir uma justificativa para mim mesmo de que a elite e seus capangas vão usar violência contra mim se eu permitir. Auto-defesa é um pressentimento instintivo e usá-lo racionalmente para decidir quando a violência é ou não justificável é sedar nossos instintos e colocar a vida, a morte e a dor numa esfera onde eles não podem ser devidamente valorizados.

Corporações e governos estão matando pessoas todos os dias. Existe um clima de guerra desenfreada pelo planeta. Nós devemos lutar e resistir. Eu reconheço a possível necessidade de usar a violência, machucar alguém, para libertar a mim mesmo e a outros. Mas deve ser um ato de paixão. Não devo reprimir a possibilidade de sentir culpa com um ato calculado e bem executado. Se na pior das hipóteses, você deva matar alguém, você deve ao menos respeitá-los e permitir-se chorar pelo que fez. E se você não sente nenhuma compaixão, pelo que exatamente você está lutando?

- um amigo da Anarquia Verde

quinta-feira, 7 de maio de 2009

SENTIMENTO FREEGAN

Você sabe o que é Freeganismo?

Segundo o site Freegan.info, "Freegans" são pessoas que adotam estratégias alternativas para viver baseados em uma participação limitada na economia e consomem o mínimo possível de produtos. Os freegans apóiam a comunidade, a generosidade, o interesse social, a liberdade, e a ajuda mútua, ao contrário da atual sociedade baseada em materialismo, apatia moral, competição, conformismo e cobiça.

O nome Freegan é derivado das palavras “Free” (livre, em inglês) e “Vegan”, que são pessoas que não consomem produtos de origem animal ou testado em animais. Os Freegans adotam um tipo de estilo de vida em que possam viver em harmonia com a natureza e com o mundo moderno. Pregam o retorno ao natureza, meios de transporte ecológicos, reciclagem, diminuir o desperdício, moradia livre de aluguel e menor carga de trabalho.
Entrevista com o grupo Erva Daninha sobre Freeganismo.

Por que e quando você decidiu se tornar um freegan? O que isso significa para você?
ED: Já fazem ao menos dez anos que pratico muitas das estratégias freegans (coleta de alimentos em fins de feiras, reutilização de móveis e outros objetos jogados no lixo e agricultura urbana). E fazem ao menos três anos que conheci a proposta freegan. Freeganismo é uma perspectiva que reconhece e age contra o sistema capitalista industrial, denunciando este modo de vida ambientalmente e socialmente tóxico. Um estilo de vida que se resume na humilhação diária de ter que acordar para fazer durante mais de 6 ou 8 horas geralmente coisas que não gostamos (trabalho) para pagar contas e comprar objetos que na realidade não precisamos, (objetos que em sua produção e manutenção acarretam em sérios impactos ambientais), reproduzindo então diariamente o capitalismo-industrial, que tem levado a Terra ao atual cenário de catástrofe ambiental. Freegans não querem fazer parte deste processo, freegans querem construir algo novo, não há modelos, mas o critério é apenas construir um modo de vida que não prejudique a Terra e seus vários habitantes.

O que mudou na sua vida depois de assumir tal comportamento? O que diferencia um freegan de uma pessoa comum (que consome como todas as outras)?
ED
: Eu pelo menos não gosto de ver como diferença, usar o ponto de vista da "diferença". Aqueles que adotam estratégias freegans apenas tentam ao máximo garantir sua liberdade individual, não colaborando com o sistema capitalista-industrial que suga nossas vidas em troca de mercadorias e destruição ambiental. Aqueles que adotam as estratégias freegans apenas se esforçam para criar uma atmosfera de autonomia, sustentabilidade, apoio mútuo e respeito a Terra.

Você pratica o 'dumpster diving', costuma procurar seu alimento no lixo?
ED
: No Brasil a estratégia mais facil e mais utilizada para obtermos alimento de forma freegan é a coleta de alimentos descartados em fins de feira. Diferente do dumpster diving onde em países como os Estados Unidos são bem mais praticados.

O grupo Erva Daninha foi montado em São Paulo? Quando?
ED
: Erva Daninha é uma iniciativa anarquista-verde, a nossa intenção é divulgar materiais relacionados a anarquia verde, freeganismo, de critica a civilização, libertação animal. Incentivando um questionamento quanto ao nosso estilo de vida e seu impacto no planeta. Sociedades de massas e industrialismo são maneiras de nos organizarmos incompatíveis com a natureza deste planeta. Resultado de um processo que vem se desenrolado a cerca de dez mil anos, com adoção e expansão da agricultura e domesticação de animais. Concordamos com Jared Diamond, quando afirma que a revolução agrícola "foi de muitas formas uma catástrofe da qual nós nunca mais nos recuperaremos".

Quantos freegans mais ou menos vocês calculam que existam no país? Esse número se concentra nos grandes centros urbanos como São Paulo e Rio?
ED:
Não temos como contabilizar quantos freegans existem no Brasil. Freeganismo na realidade não é um movimento, é mais um olhar e práticas do que um movimento fechado e definido.

Sei que vocês fazem um almoço comunitário às sextas-feiras, certo? Esse almoço é típico freegan? A comida é feita com alimentos pegos do lixo?
ED:
A iniciativa do almoço comunitário é feita pelo coletivo libertário Ativismo ABC, que tem como 'sede' a Casa da Largatixa Preta em Santo André. Toda sexta-feira as 11 horas é reunido um grupo de pessoas na Casa da Largatixa Preta, onde na própria rua da casa tem uma feira. Após reunido o grupo de pessoas vamos até a feira, que já está no final, recolher os alimentos que por não serem esteticamente vendáveis são descartados pelos feirantes como lixo. Depois é feito um banquete freegan.

Se vocês praticam o mergulho no lixo para encontrar comida, que cuidado tomam para não se intoxicarem com alguma coisa estragada, por exemplo? Já passou mal por alguma coisa que comeu?
ED:
No caso das feiras geralmente o que foi descartado estão em caixas ao lado das bancas, e os cuidados com higiene são de senso comum, tirar pedaços amassados e ruins, lavar os alimentos etc. Ninguém vai pegar aquilo que visivelmente está podre ou num lugar realmente sujo. A única vez que passei mal com os alimentos que coletei foi quando comi de teimoso algumas batatas verdes. Dois dias passando mal.

Qual a diferença que você identifica entre os freegans de outros países e os brasileiros? Você acredita que nós, brasileiros, temos outras preocupações?
ED:
Existem muitas diferenças em relação a todos os lugares onde o freeganismo é aplicado. Apesar de o freeganismo ser uma proposta orginalmente criada no meio anarquista-vegan, em alguns países o foco é mais voltado para a questão do consumo, perdendo um pouco o caráter de autonomia proposta pelos anarquistas, algo que por aqui Brasil tentamos não diferenciar, pois autonomia e uma vida em equilibrio com a Terra e outros animais são sinônimos. Uma diferença no Brasil em relação a países como os Estados Unidos e Inglaterra é que nestes países são encontrados mais alimentos industrializados. Enquanto que no Brasil a coleta de alimentos se concentram em fins de feira. Nos países mais ricos os alimentos que são encontrados geralmente são produtos industrializados. A realidade aqui no Brasil é diferente mas a preocupação é a mesma, boicotar o sistema capitalista industrrial adotando estratégias que constroem um modo de vida baseado na autonomia e respeito a vida.

Um freegan é necessariamente alguém que não come nada de origem animal ou podem existir freegans que comem carne, por exemplo? Qual a melhor definição, para você, de freeganismo?
ED: O freeganismo é uma proposta que surgiu entre os anarquistas vegans (ou vegans anarquistas). A princípio nenhum produto industrializado é vegan, pois todos os produtos encontrados na prateleira de um supermercado ou numa lanchonete são 'frutos' de um sistema que conspira contra a vida na Terra de todas as maneiras possíveis. Vasamento de petróleo, contaminação da água, expansão urbana, agricultura, e o impacto da construção e do funcionamento de uma auto-estrada são alguns exemplos claros de violência contra a vida animal. Existe sim a preocupação em não ingerir um produto de origem animal, e geralmente freegans se mantém vegans. Mas para nós a questão contra a exploração animal não é meramente o que você engoli ou veste.

Você se considera mais feliz vivendo como um freegan?
ED:
Adotar estrategias freegans muitas vezes me proporciona bons momentos, comer alimentos coletados na feira, ou de sua própria horta e prepará-los num fogão a lenha é uma situação muito boa.

FONTE : freegan.info

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TRILHA SONORA DO FILME "THIS IS ENGLAND".

Soundtrack do filme THIS IS ENGLAND com Maytals, Specials, entre outras. Não é um disco de SKA, mas uma coletânea das musicas do filme.

01-Toots and the Maytals - 54-46 Was My Number
02-Dexys Midnight Runners - Come on Eileen
03-SoftCell - Tainted Love
04-Underpass Flares (dialogue)
05-Gravenhurst - Nicole
06-Cynth - Dad (dialogue)
07-Al Murray and the Cimarons - Morning Sun
08-Shoe shop (dialogue)
09-Toots and the Maytals - Louie-Louie
10-Toots and the Maytals - Pressure
11-Hair in Cafe (dialogue)
12-The Specials - Do the Dog
13-Ludovico Einaudi - Ritornare
14-This is England (dialogue)
15-The Upsetters - Return of Django
16-Uk Subs- Warhead
17-Ludovico Einaudi - Fuori dal Mondo
18-Strawberry Switchblade - Since Yesterday
19-Tits (dialogue)
20-Percy Sledge - The Dark End of the Street
21-Ludovico Einaudi - Oltremare
22-Clayhill - Please, Please, Please. Let Me Get What I Want
23-Ludovico Einaudi - Dietro Casa
24-Gavin Clark - Never Seen the Sea

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UMA NOVA MOEDA - A AMIZADE:

Não é só com dinheiro que se faz economia. Que tipo de economia havia antes da civilização? Fala-se em trocas, mas isso serve para o comércio entre grupos. E quanto à economia dentro dos grupos, como funciona?

Também é um tipo de troca, mas não pode ser meramente material. Primeiro, vamos repensar nossos conceitos. Se estivermos falando de uma economia tribal, os verdadeiros bens dificilmente serão materiais. Afinal de contas, não é que os homens fossem mais conscientes da divisão justa dos recursos, é que não tinham motivos para fazer a divisão, uma vez que a produção não era centralizada. Como a dependência de ferramentas era pequena, as coisas materiais não tinham muita importância. Mesmo a comida não tinha dono, estava solta por aí. Será que se tratava de ser mais forte? Sozinhos os fortes não são nada. A verdadeira riqueza era medida pela sua capacidade de FAZER AMIGOS. Claro, parece estranho de se pensar, mas imagine: Tudo fica mais fácil de fazer quando temos cooperação de amigos. A cooperação mútua é o fundamento da economia tribal. Se você ajuda um amigo a fazer uma coisa e ele te ajuda a fazer outra, o ganho que é sempre coletivo. A adição de amigos, ao contrário do acúmulo de bens materiais, jamais causa desigualdade, porque um amigo a mais não representa um amigo a menos. Os grupos de afinidade, no entanto, precisam de poucos membros, mas não significa que devam se isolar e competir com outros grupos. É claro que uma amizade tem valor mesmo quando o amigo não nos pode ajudar com coisas materiais, mas também com idéias e sentimentos, que são tão ou mais importantes. As pessoas valorizam aqueles amigos que se mostram sinceros e gentis, então essa economia não é simplesmente materialista, ela envolve sentimentos. Posso dizer que ele é primariamente emocional, com materialidade meramente colateral, enquanto a nossa economia é primariamente material, como emoções meramente colaterais, às vezes indesejáveis. Se pudéssemos nos livrar das emoções, seríamos perfeitos para o nosso sistema. E ainda assim, não podemos nos livrar nem disto, nem da matéria.

Porque não aceitar ambos?

Vamos usar livros como exemplo: Como ler livros sem ter que comprá-los? Há milhares de livros juntando poeira nas estantes de pessoas que estão dispostas a emprestá-los para amigos. Algumas livrarias permitem que você leia o livro lá, especialmente se você se tornar amigo dos vendedores. As pessoas que lêem muito costumam a gostar de conversar sobre o que estão lendo, e você pode criar laços de afinidade com pessoas através da leitura, ou descobrir autores e obras interessantes que você nunca tinha ouvido falar. Apesar dos benefícios de comprar um livro e guardá-lo em casa, como um todo há muito mais vantagens em simplesmente não comprar o livro, e buscá-lo através de um amigo, com o qual você poderá conversar depois.

Uma vida mais simples começa com a baixa dependência do modelo econômico consumista. A amizade pode se tornar um modelo econômico mais sustentável e mais humano, porque não gera desigualdade e valoriza o que as pessoas têm de melhor. Nosso sistema inevitavelmente concentra riqueza nas mãos de poucos, dá vantagens para as pessoas mesquinhas e dissimuladas, além de nos forçar a ter relacionamentos frios e a ser antipáticos. Muitas coisas interessantes podem ser pensadas para esse novo sistema baseado na amizade.
Contribua com suas idéias.
Janos biro - largue.cjb.net

ALÉM DO FEMINISMO - ALÉM DO GÊNERO

A fim de criar uma revolução que possa por fim a todo tipo de dominação, é necessário acabar com as tendências a que todos nós nos vemos submetidos. Isto requer que sejamos conscientes do papel que esta sociedade nos impõe e busquemos seus pontos fracos, com o objetivo de descobrir seus limites e transgredir.
A sexualidade é uma expressão essencial dos desejos e paixões individuais, da chama que pode inflamar tanto o amor como a revolta. Assim pode ser uma força importante dos desejos de cada um de nós, que pode levantar-nos além da massa, como seres únicos e indomáveis. O gênero por outro lado, é um intermediário construído pela ordem social para inibir a energia sexual, enclaustrá-la e limita-la, direcionando-a a fazer a reprodução desta ordem de dominação e submissão. Desta maneira, o gênero se converte em um impedimento da vontade de decidir livremente como queremos viver e nos relacionar. Não obstante, até agora, ao homem foi concedida maior liberdade de fazer valer sua vontade dentro destes papéis do que a mulher, o que explica de forma bastante razoável porque existem mais anarquistas, revolucionários e gente que atua fora da legalidade que são homens e não mulheres. As mulheres que foram fortes, que tem se rebelado, fizeram isso porque superaram sua feminilidade.

Lamentavelmente o Movimento de Liberação da Mulher (MLM) que ressurgiu nos anos 60, não prosperou no desenvolvimento de uma análise profunda da natureza da dominação em sua totalidade e do papel jogado pelos gêneros em sua reprodução. Um movimento que apareceu diante da necessidade de nos livrar dos papeis de gênero para sermos assim indivíduos completos e auto-suficientes, foi transformado em uma especialização como a maior parte das lutas parciais da época. Garantindo desta maneira a impossibilidade de levar a cabo uma análise global dentro deste contexto.

Esta especialização é o feminismo atual, que começou desenvolvendo-se fora do MLM nos finais dos anos 60. Seu objetivo, não era tanto a liberação da mulher como individualidade dos limites impostos pelos papéis atribuídos a seu gênero, como a liberação da "mulher" como categoria social. Junto às correntes políticas principais, este projeto consistiu em obter direitos, reconhecimento e proteção para as mulheres como uma categoria social, reconhecida conforme a legislação. Em teoria, o feminismo radical se moveu para além da legalidade com o objetivo de liberar as mulheres como uma categoria social, da dominação masculina. Dado que a dominação masculina não é explorada suficientemente como parte da dominação total -inclusive pelas anarcofeministas- a retórica do feminismo radical, frequentemente adquire um estilo similar aos de lutas de liberação nacional. Mais apesar das diferenças no método e na teoria, a prática feminista liberal (burguesa, principal) e o feminismo radical frequentemente são coincidentes. Isto não é uma casualidade.

A especialização do feminismo radical consiste em centrar-se por completo nos sofrimentos da mulher nas mãos de homens. Se a catalogalização fosse alguma vez completada, a especialização não seria durante mais tempo necessária e havia chegado o momento de traduzir-se mais além da lista de ofensas sofridas, até uma vontade real e atual analisar a natureza da opressão da mulher nesta sociedade e levar a cabo ações reais e muito meditadas para acabar com esta opressão. Assim que a manutenção desta especialização requer que as feministas ampliem este catálogo infinito, inclusive até o ponto de dar explicações pelas ações opressivas levadas a cabo por mulheres em postos de poder, como expressões do poder patriarcal, e assim desta maneira liberaria estas mulheres da responsabilidade de suas ações. Qualquer analise séria das completas relações de dominação, como as que existem atualmente, é deixada de lado a favor de uma ideologia na qual o homem domina e a mulher é a vitima da dominação.

Mas a criação de uma identidade com base na própria opressão, sobre a vitimização sofrida, não proporciona a força ou a independência. No lugar disto, cria uma necessidade de proteção e segurança que eclipsa o desejo de liberdade e independência. No reino do teórico e psicológico, uma abstrata e universa "irmandade feminina" pode encontrar essa necessidade, mas a fim de fornecer uma base para esta irmandade, da "mística feminilidade", a qual foi exposta nos anos 60 como uma construção cultural que apoiava a dominação masculina, é revivida em forma de espiritualidade de mulher, culto a deusa e uma variedade de outras ideologias feministas. A vontade de liberar a mulher como categoria social, alcança sua apoteose na recriação dos papeis do gênero feminino em nome de uma alusiva solidariedade de gênero. O feito de que muitas feministas radicais haviam recorrido a policiais, tribunais e outros programas estatais de proteção de mulheres (imitando assim o feminismo burguês.) só serve para sublinhar a falsa natureza da "irmandade" que proclamam. Apesar de ter havido tentativas de mover-se além destes limites dentro do contexto do feminismo, esta especialização foi sua melhor definição durante três décadas. Na forma em que foi praticado falhou ao apresentar um desafio revolucionário tanto contra o gênero como contra a dominação. O projeto anarquista de liberação global nos chama para nos movermos além destes limites até o ponto de atacar o gênero em si mesmo, com o objetivo de converter-nos em seres completos, definíveis não como um conglomerado de identidades sociais, senão como únicos e completos indivíduos.

É um estereótipo e um erro afirmar que os homens e mulheres têm sofrido iguais opressões dentro de seus papéis de gênero. Os papéis do gênero masculino permitem ao homem uma grande liberdade de ação para afirmação de sua própria vontade. Por isso a liberação da mulher de seus papéis de gênero não consiste em ser mais masculina senão em ir bem mais além de sua feminilidade, assim para os homens a questão não é ser mais feminino senão ir bem mais além de sua masculinidade. A questão é descobrir que o centro da unicidade que está em cada um de nós, vai mais além de todos os papéis de gênero e da forma em que cada um atua, vive e pensa no mundo, tanto no domínio sexual como em todos os outros.

Separar o gênero em função da sexualidade, desde a totalidade de nosso ser, fixando características especificas segundo o gênero ao que se pertence, serve para perpetuar a atual ordem social. Como conseqüência disso, a energia sexual, que poderia ser um extraordinário potencial revolucionário, é canalizada para reprodução das relações de dominação e submissão, de dependência e desespero. A miséria sexual que isto tem produzido e sua exploração comercial está por todos os lados. A chamada inadequada dos povos a "abraçar tanto a masculinidade como a feminilidade" cai em falta de análise sobre estes conceitos, já que ambos são invenções sociais que servem aos propósitos do poder.

Assim, mudar a natureza dos papeis do gênero, aumentar seu número ou modificar sua forma é inútil sob uma perspectiva revolucionaria, já que isto só serve para ajustar mecanicamente a forma de condutas que canalizam nossa energia sexual. No lugar disto, necessitamos nos reapropriar de nossa energia sexual para reintegrá-la na totalidade de nossos seres a fim de fazer-nos extensos e poderosos como para explorar cada conduto e inundar o terreno da existência com nosso ser indomado. Isto não é uma tarefa terapêutica, senão uma revolta insolente - uma que emane desde nossas forças e nossa recusa a retroceder. Se nosso desejo é destruir toda dominação, então é necessário que nos movamos além de tudo o que nos reprime, além do feminismo e além do gênero, porque aqui é onde encontramos a capacidade de criar nossa indomável individualidade que nos conduzirá contra toda dominação sem vacilação. Se desejarmos destruir a lógica da submissão, este deve ser nosso mínimo objetivo.

Willful Disobedience Vol. 2, No. 8. (tradução : celula zero)

quarta-feira, 6 de maio de 2009

THIS IS ENGLAND - Legendado.

THIS IS ENGLAND
Shaun, um menino de 12 anos, que vive com a mãe em uma cidade do interior da Inglaterra e cujo pai morreu na Guerra das Malvinas é constantemente agredido na escola e acaba se juntando a um grupo de skinheads (SHARPS). Desde então a vida do garoto se transforma num constante carrossel de aventuras até a chegada do estranho Combo.
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PORQUÊ ME TORNEI FREEGAN PELOS ANIMAIS


Há muitas boas razões para se tornar freegan, mas foi principalmente a questão dos direitos dos animais que me levou a adotar esse estilo de vida.

Eu poderia passar anos tentanto viver mais eticamente, tentando limitar a violência contra os animais em meu estilo de vida. Me tornei vegetariano, depois vegan, depois passei a consumir só alimentos orgânicos, principalmente alimentos crus. Eu estava preocupado com todos os animais mortos por pesticidas na agricultura convencional - incluindo os insetos e outros invertebrados que frequentemente são ignorados por muitos que se importam com os direitos dos animais.

À medida que aprendia mais sobre agricultura orgânica, comecei a perceber que até mesmo a agricultura orgânica não era perfeita. Encontrei um artigo na revista "Animals's Agenda" chamado: "Alimento orgânico: bom, mas não benigno" sobre uma horticultora que falava sobre como até mesmo utilizando métodos de agricultura orgânica, ela ainda matava milhares de insetos. Comecei a ler revistas sobre agricultura e jardinagem orgânica e aprendi que matar animais era algo comum no método de agricultura orgânica (e mais comum ainda na horticultura não-orgânica também). Caça, uso de armadilhas, envenenamento, e afogamento são métodos usados para matar qualquer criatura de um minúsculo inseto a um grande mamífero. Até mesmo formas de combate biológico são usadas - já que agricultores orgânicos não podem usar pesticidas a base de petróleo, muitos soltam bactérias vivas para destruírem os insetos.

Nesse tempo, uma professora de colegial fez um comentário sobre como os animais são cortados em pedaços e amassados no processo da colheita do milho, me fez cada vez mais ciente do impacto que arar o solo e colher grãos têm sobre o enorme número de animais que vivem nas fazendas e hortas. Essa questão foi na verdade o foco de um recente estudo da Universidade do Estado de Oregon que analisou o impacto da agricultura na vida selvagem e concluiu que comer um pedaço de carne de um animal criado no campo na verdade resulta em MENOS mortes animais do que se alimentar com uma dieta vegan padrão. Enquanto outro estudo disputou essa conclusão, a opinião de Davi é que "as dietas vegans não são dietas sem sangue", afirma.
O escritor Ted Kerasote (que é caçador) levantou outras questões sobre a natureza "livre de crueldade" de um vegan. No livro "Laços de Sangue: A Natureza, a Cultura e a Caça" (Bloodties: Nature, Culture, and the Hunt) ele diz: "O que exatamente significa "o mínimo de mal possível"? Significa se tornar um vegetariano de combustível fóssil - aquelas pessoas que com consciência limpa compram vegetais nos supermercados, jamais imaginando que as fazendas-indústria de animais, intensivamente subsidiadas pelo petróleo, que de sua fonte à ceifadeira, e pelo sistema de rodovias, inflingindo enormes tributos da vida selvagem enquanto eles cultivam e fornecem esses produtos aparentemente benignos como cereal, pão, feijão e leite? Ou fazer o mínimo de mal possível significa se tornar um agricultor orgânico, cultivando tudo que ele precisa em volta de sua casa? Poderia significar caçar a colher os animais e plantas de sua região?"

E é claro, que como defensores do animais, nós rejeitamos tanto a criação de um animal para alimentação quanto a caça. Mas se DE FATO nossos estilos de vida são MUITO MAIS destrutivos que essas práticas, então somos obrigados a questionar se existe uma outra alternativa, uma que seja melhor do que caçar, melhor do que a alimentação de animais criados para o abate, e melhor do que Kerosete chama de "vegetariano de combustível fóssil".

Lendo sobre um sistema bastante incomum de agricultura chamado "horticultura vegânica", um sistema que usa plantas como fertilizantes, pude perceber que os grãos vegans que comemos são cultivados com a indústria de agricultura animal com produtos como esterco ou ossos de animais (farinha de ossos). E isso é totalmente real nas fazendas orgânicas, uma vez que eles não podem usar fertilizantes químicos. Então, sendo um consumidor vegan, na verdade eu estava criando mais lucro para os pecuaristas!

Finalmente, quando é que nossa responsabilidade sobre o impacto do nosso dinheiro termina? Eu não me lembro se na época pensei sobre isso, mas recentemente eu li um artigo sobre uma pessoa que era freegan porque ele repugnava a idéia de que o dinheiro que ele gastava com alimentos vegans iria pagar pela carne para os não-vegans de quem ele comprou aquela comida.

Trocando o consumismo varejista pela colheita de alimentos naturais, por uma horticultura em pequena escala e que respeite a terra e os outros seres, não utilizando métodos de arar ou "orgânicos", e também optando por estratégias de colheita urbana, nós evitamos de contribuir com TODOS os meios de produção dos produtos, não somente aquelas que costumam ser o alvo do veganismo tradicional. Somos pioneiros em uma relação mais cuidadosa com os animais, à medida que construimos uma nova cultura baseada na divisão, cooperação, e respeito pela Terra e uns aos outros.

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